Gilberto Farias: reformas política e tributária são saídas para crise financeira


Eleito para comandar a Federação das Indústrias do Estado da Bahia até 2018, Carlos Gilberto Farias pretende fortalecer as micros e pequenas empresas, além de levar o know how da instituição para o interior. Até o final da gestão pretende construir 40 escolas técncias profissionalizantes em todo o Estado. Nesta entrevista, ele fala sobre a crie financeira que vem afetando a indústria e os prognósticos não são nada bons. Sobre política, farias diz que não é homem de partido, mas faz criticas, sobre tudo ao governo federal e o Congresso que não fez a reformas pretendias, como a política e tributária. “A reforma política e a tributária são as mais importantes e fundamentais. Quanto custa uma eleição é qualquer coisa de estapafúrdia, quando se aproxima do número real dá uma dor…”. Confira.

O senhor foi eleito tendo como bandeiras defendidas a fortalecimento das micro e pequenas empresas, além da proposta de acelerar o programa de interiorização da FIEB.

Na verdade o primeiro objetivo é a participação dos sindicatos patronais que têm patronais tem objetivo aglutinar o setor produtivo em torno do programa que cada um tem da sua indústria, esse setor tinha carência grande de fazer com que houvesse a participação dele na gestão do regime democrático e nós nos comprometemos. Para cada vice-presidência tem um cargo de responsabilidade sobre aquele cargo. As micros e pequenas empresas tinham ressentimento grande, elas movem toda a estrutura econômica em termo de capilarização e são pouco assistidas pelo sistema. As empresas grandes – e eu fico à vontade para falar porque faço parte de uma, a Agrovale – têm sua própria estrutura e seu arcabouço de organização e, por si só, são capazes de se movimentar, ter relacionamento com o governo. Os pequenos as vezes ficam até com medo de passar pela frente da Federação. Eles precisam de atenção, fazem parte da arrecadação. Outra coisa que defendo também é a interiorização de todo o sistema. A Bahia tem coisas diferentes de outros estados. A Bahia é maior do que a França. A Região Metropolitana já está assistida. Dos 41 sindicatos inscritos da FIEB, 36 são na RM, apenas cinco no interior, o que demonstra a necessidade de fazer a migração para o interior.

Onde ficam esses outros sindicatos?

Em Ilhéus e Itabuna tem dois. Em Feira de Santana, três. O que também é pouco para uma cidade com 800 mil habitantes, que precisa desenvolver seu parque industrial, chamariz de micro e pequena empresa, que tem vontade de se desenvolver. Muitas vezes eles não sabem nem como ir ao banco, não sabem que tem linha de credito para ampliar um negócio. A FIEB vai dar o suporte, conduzir para que as coisas aconteçam.

As micros e pequenas empresas são em número maior em quantidade, em geração de emprego?

Quantidade de empresa e geração de emprego ela são maiores, mas quando olha o faturamento são as grandes empresas, mas as micros são maiores em número de funcionários, participação, resultados. O objetivo da FIEB a partir da nossa posse é esse foco. Dar a devida importância aos pequenos. Vamos criar em cada região pequenos Cimatecs (curso de formação de profissionais para atuar na indústria) para em conformidade com cada região. Alagoinhas tem industrias de bebidas por causa dos seu aquífero. Lá não tem ação da FIEB, mas vai ter para que aquelas pessoas de lá fiquem preparadas para o atendimento da indústria de gaseificado.

Por que a FIEB ficou tanto tempo focada apenas na Região Metropolitana e deixou o interior de lado?

A RMS se organizou ao longo dos anos. Antes não tinha nada e veio se formando. Veio o Pólo de Camaçari e seu entorno. Começaram a desenvolver as indústrias. Então precisava desse suporte. Ao fazer isso era possível fazer alguma coisa no interior, mas não era possível dar uma celeridade como vamos fazer agora.

Para colocar em prática essa aceleração do programa de interiorização vocês terão menos recursos.

O volume de recursos que antes projetava a indústria baiana. Os recursos vêm do CNI, mas está minguando apesar de a Bahia ser destaque no Nordeste. Em 2014 essa visão é de túnel muito escuro para os empresários de um modo geral. Todos andam muito cautelosos, medrosos, tímidos. A crise está agude cendo. Com a inflação…as medidas tomadas pelo governo no passado recente, de conter o consumo, era mais fácil, hoje não. Ninguém quer mais aceitar. Vocês está vendo os movimentos sociais há casos de vandalismo, mas no geral é o povo querendo mudar, exigindo mudanças e quer ser ouvido, precisa participar como ator desta mudança. Não va mais retroceder.

Então sem esperança de crescimento na indústria em 2014?

Sim, principalmente porque é um ano político-eleitoral. Não se ver mudanças estruturantes nem do governo e nem do Congresso Nacional que são a reforma política e a tributária. Nos Estados Unidos você consegue comprar uma Mercedes por U$ 35 mil, aqui é mais de R$250 mil por conta dos impostos. É assim em tudo, na alimentação, em todos os bens. Por que? Porque há sucessão de fatos assemelhados, cada um (presidente) que entra acrescenta mais ministérios.

A FIEB tem tradição de fazer debates entre candidatos durante campanha. Como vai ser este ano?

A FIEB tem independência grande. Graças a Deus esta casa não foi contaminada pelos dirigentes que passaram e nem por mim que também sou independente, não sou de partido. Entendo que nada é feito sem política, mas a FIEB tem muita independência. Vamos ouvir todos Vamos ouvir todos, trazer o maior número de industriário e escutar o que eles têm a dizer e cada um que faça seu juízo de valor.

As propostas normalmente são muito parecidas. O que o senhor queria ver na área de economia?

A reforma política e a tributária são as mais importantes e fundamentais. Quanto custa uma eleição é qualquer coisa de estapafúrdia, quando se aproxima do número real dá uma dor por se gastar tanto quando poderia unificar em cinco anos para todo mundo.

A campanha daqui está polarizada em Rui Costa, candidato do governo, e Paulo Souto, da oposição. O senhor acredita que a campanha ficará mais focada nesta polarização do que em propostas factíveis?

Quem define isso é o nível do eleitorado , o nível de cultura. Quanto maior a cultura do eleitor mais o debate se eleva. Par se ter uma idéia, em Santa Catarina que é muito menor do que a Bahia, existem 178 sindicatos ante 41 que temos aqui. Santa Catarina é pequeno, mas é um outro povo, que teve uma colonização diferente, tem uma educação diferente, não aceita mais esse tipo de coisa, esse contraponto que você disse. Eles se aglutinam, se organizam, formam cooperativas para se tornarem mais fortes. Os políticos desses lugares têm que fazer um esforço enorme, muito mais do que em outros lugares com o IDH muito baixo.

Para encerrar, quais são as suas pretensões até 2018?

Digo isso com vontade tão grande que vai acontecer. Quero fazer com que grande parte dos municípios seja assistido pela FIEB. Precisamos fazer pelo menos dez grandes escolas por ano nesses quatro anos. Queremos fazer com que deixar o ensino médio esteja preparado para ganhar seu dinheiro com aquela profissão e possa enfrentar o mercado. Hoje os meninos já nascem falando.